Sobre perdas... por Fal Azevedo

domingo, 5 de janeiro de 2014
"A única coisa que talvez advenha de uma grande perda, e que talvez seja aproveitável - note, eu não disse "boa", "positiva", "bacana", e nem nenhuma babaquice dessas, eu disse aproveitável; e note, também, que eu usei dois "talvez" - sobre uma grande perda, é que ela nos dá a exata dimensão do que é e do que não é. De modos que no meio duma belíssima crise, depois do mais surreal dos diálogos, você e eu, que já sofremos uma grande perda, uma perda enorme, uma perda abissal, paramos de chorar e vamos pendurar roupa e ligar pra veterinária vir vacinar o cão. Nós já perdemos mais, já perdemos melhores, já perdemos o que importa. Dane-se."

Fal Azevedo
Sonhei que a neve fervia
Editora Rocco, 2012

Sobre o efêmero

domingo, 27 de outubro de 2013

Às vezes parece que tudo o que precisamos é ser ouvidos.
Sentir como se aquilo tudo tivesse alguma importância.
Mesmo que seja passageiro, efusivo, efêmero.
Pois não é o quanto dura, mas a intensidade com que acontece, com que é vivido e sentido. 
E se ninguém pode entender, ninguém precisa, mas às vezes tudo o que precisamos é falar.
E saber que, mesmo sem entender, alguém se importa, alguém se preocupa.
Mesmo que passe.
Porque tudo passa.
Tudo desaparece, e nada dura.

Sobre expectativas

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Parece que a gente sempre coloca as expectativas erradas nas pessoas. Depois de esperar o apoio de alguém, eu sempre sinto que estou esperando demais e que a pessoa não tem culpa de não atender às minhas expectativas. Ninguém é obrigado a agir como a gente espera nem a ser do jeito que a gente quer. A gente tem a mania de idealizar as pessoas e depois acaba se decepcionando quando elas não seguem o script. É como se faltasse saber que não é assim que o mundo funciona. E nem deveria.

A verdade é que nem nós mesmos costumamos ser como queremos. Como então esperar que o outro consiga ser?
Somos injustos. Com os outros, claro, mas com nós mesmos.
Precisamos parar de esperar tanto. Mas acho que até isso é criar expectativas demais.

Sobre o amor

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A mim não agrada o amor que força alguém a sofrer duras penas por ele. Tampouco acredito na liberdade absoluta de um amor que permite que alguém seja exatamente o que queira ser, sem exigir dele qualquer esforço pelo outro, salvo quando haja “vontade”.
Prefiro acreditar num amor que se constrói dia a dia, pelo qual se luta, sobretudo quando se sabe que vale a pena.

Sobre não saber...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Não sei mais até que ponto conversar é importante. Não consigo mais definir em que momento o mais adequado é calar. Desaprendi a identificar quando é melhor parar de insistir. O que é realmente necessário, afinal? Será que dizer o que se pensa vai mesmo servir pra alguma coisa, vai mudar alguma coisa?
 
Hoje eu não tenho nenhuma resposta. Hoje são só perguntas.

Sobre ceder...

sábado, 3 de setembro de 2011
Como? Como viver um relacionamento sem impor ao outro aquilo que queremos? Como não se encher de expectativas com relação ao outro? Como não se decepcionar? Como deixar o outro livre pra ser exatamente quem ele é, mesmo que isso nos magoe? Como? Será possível ser assim? Será que alguém, em algum lugar, não precisa expor o parceiro a esse tipo de pressão e consegue evitar expor a si mesmo a algo tão ruim quanto o sentimento de quem cobra sem ser ouvido? E mesmo aquele que é atendido em todas as suas cobranças, será que não se sente controlador demais da vida de outro? Não se sente forçando alguém a ser como ele não é, a fazer coisas que ele não quer fazer, simplesmente para satisfazê-lo?
Relacionamentos não são fáceis, são? É necessário um pouco de altruísmo, dos dois lados, ou mesmo só de um, para que um relacionamento flua. Se a sua vontade não é atendida, provavelmente a do outro será. Mas, e aí? Será que isso é mesmo o melhor pra você? Será que tem um jeito de ceder e se sentir bem fazendo isso? Sem maquiagens, se sentir bem de verdade? Às vezes a gente pensa que ver o outro feliz é o mais importante. Mas e quanto a nós? Se fazer o outro feliz é aquilo que te faz feliz, ótimo. Mas e se não for? Será que vai valer a pena?

Sobre algumas coisas...

sábado, 6 de agosto de 2011

Às vezes, insistir em algo pode ser pior do que simplesmente aceitar que certas coisas não podem ser como esperamos. A verdade é que na maioria das vezes, elas não são. E muitas vezes nos vemos insistindo em algo, várias e várias vezes, e por mais que esteja na cara que aquilo não vai mudar, não vai se transformar no que queremos, continuamos a insistir. Por quê? Que tipo de sentimento doentio parece nos forçar a continuar batendo sempre na mesma tecla, apesar dela não emitir som algum há muito tempo?
Seja nas nossas relações pessoais ou nas coisas que esperamos da vida, sempre há um tempo de dizer basta. Nem tudo acontece como queremos. Talvez porque não seja o momento certo, a pessoa certa, a atitude certa. Muitas vezes o melhor a fazer é desistir e descansar. Deixar ser. Aceitar que não temos em nossas mãos o controle de tudo, e que a vida é assim mesmo. Entender que, talvez, se pararmos de insistir, vamos perceber que aquilo passa. Que nós sobrevivemos. E perceber que, muitas vezes, vivemos até melhor sem aquilo. Que às vezes é como era pra ser.

Sobre os 23...

terça-feira, 31 de maio de 2011
Vinte e três anos. Quando está bem longe deles, a gente sempre pensa em como tudo será quando eles chegarem, né? A gente faz planos, imagina, até sonha acordado.
Até que chega neles. E, naturalmente, não é nada daquilo que a gente pensou. O que tem de extraordinário em fazer 23 anos? Acaba que a gente tem ainda mais responsabilidades. A vida nem de longe é aquele mar de rosas, você ainda não terminou a faculdade, nem tem emprego. Não adianta, você também não vai casar agora.
Sei que, aos 23, tem gente que só pensa em voltar aos 13, 15, 17... eu passo. Até gostei da minha adolescência, mas sem dúvida o hoje é a melhor época da minha vida. Sei que aos 12 eu só queria ter 16. Aos 16 eu só queria ter 18. Agora eu nem noto mais a diferença entre ser crescido e ser só adolescente.
Não é perfeito hoje, sabe? Mas a vida me deu o necessário pra ser feliz. E isso, é privilégio de poucos. Eu tenho os melhores amigos, tenho uma família, tenho alguém pra amar, tenho tudo o que preciso pra, a cada dia, crescer um pouco mais através dos relacionamentos que semeei. Hoje eu colho os frutos desses relacionamentos e continuo semeando outros, porque a vida é pra sempre esse ciclo de pessoas que nos rodeiam, e por vezes, nos abandonam. Mas é isso mesmo.
São muitas reflexões pra hoje. Pra cada dia que ainda vai nascer. E eu vou vivendo... porque a vida, ela é isso mesmo. A vida é cada momento.

Sobre o futuro...

domingo, 15 de maio de 2011
Naturalmente, nós fazemos planos. Mesmo sem traçar metas ou fazer programações, nós pensamos no futuro e em como queremos que ele seja. Quando estamos nos relacionando com alguém, isso é ainda mais natural. Quando se está apaixonado, os planos são traçados naturalmente, aparecendo à nossa frente logo após cada passo dado. Não dá pra evitar. Quando queremos muito alguém, nós o queremos pra vida inteira. E vida inteira envolve algo que ainda não conhecemos. Envolve sonhar e desejar. Algumas vezes envolve planejar exatamente o que se quer que aconteça, planejar cada passo a ser seguido. Outras vezes envolve apenas viver cada momento. Aproveitar o agora, porque afinal, o futuro é isso mesmo, um agora que está só esperando pra chegar.
E sejam quais forem seus sonhos ou seus planos pro futuro, você ainda pode se surpreender. Porque no fundo, o futuro sempre reserva algo que você não pode prever. O futuro pode ser ainda melhor do que você imagina.

Sobre as pessoas...

domingo, 10 de abril de 2011
As pessoas. Quem vive sem elas? Independente das influências delas sobre nós. Sejam boas, sejam más. Simplesmente não dá pra viver sem alguém por perto.
No trabalho. Na faculdade. Na vida. Não dá pra escapar delas. Não dá pra viver sem elas.
De certa forma, elas também são responsáveis por quem nós somos. As marcas que elas deixam em nós. Aquilo que fazem e nos molda. Não dá pra simplesmente escapar dessa influência.
Apesar dessa dependência ter um lado ruim, não é só disso que as nossas relações são feitas. Pessoas nos completam. Nos amam. Nos apóiam. Nos instigam. Nos empolgam. Nos indicam caminhos a seguir. Percorrem conosco os caminhos da vida. E nós nos apegamos. Nos entregamos. Precisamos delas.
Relacionamentos são vias de mão-dupla. Nós damos e recebemos. Às vezes mais, às vezes menos, a troca é parte essencial de um relacionamento, seja ele qual for.
Nos relacionando nós aprendemos, crescemos, amadurecemos.
É nos relacionando que, realmente, vivemos.